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Resgatando as nossas partes e devolvendo as que não nos pertencem

Durante a nossa vida, na qual vamos tecendo relações, vivendo experiências, vivenciando encontros e despedidas (assim como reencontros), nós doamos e recebemos.

Somos seres complexos, temos várias facetas, não somos apenas uma única coisa. Tanto é que a percepção que os outros têm de nós varia muito de pessoa para pessoa. E é claro que isto tem muito a ver com o interior destas pessoas, mas isto é outra história. Falar aqui de projeções, identificações ou da teoria da relatividade fugiria do tema que quero abordar: a doação involuntária de aspectos de nós mesmos.  Continuemos com um exemplo.

Eu tenho amigos que me acham uma pessoa engraçada. Já outros não vêm, de jeito nenhum, este traço em mim. Outro exemplo, em uma época da minha vida, ouvi no mesmo dia um amigo me considerar “meio avoada”, enquanto outro dizia que me achava muito prática.

Isto já nos mostra que o importante é confiarmos naquilo que somos – que não é pouca coisa – e não darmos tanta importância ao que pensam de nós. Difícil tarefa? Sim, mas usando a lógica e fortalecendo nossa identidade, e consequentemente nossa autoestima, chaga-se lá.

Bom, falando objetivamente das doações involuntárias, o fato é que vamos deixando pedaços de nós com as pessoas com quem nos relacionamos. E muitas vezes estes pedaços vão embora junto com estas pessoas.

Enquanto estamos nos relacionando, este pedaço, esta parte, ainda nos pertence. Mas quando não temos mais esta relação – e ela se resume a qualquer tipo – muitas vezes o outro leva esta parte de nós, sem percebermos. É como um pequeno roubo de parte de nossa identidade, de nosso ser.

Isto também pode acontecer com pessoas que ainda mantemos contato. Mas mudamos, e o outro também. A relação muda e, de repente, percebemos que, há muito tempo, uma parte nossa não nos pertence mais.

Só que esta parte, por mais que tenhamos mudado, é vital para a nossa integridade. Ela é um aspecto da nossa personalidade, e, muitas vezes, da nossa própria essência. Como resgatá-la então? Bom, primeiro temos que ter a consciência de que perdemos um pedaço nosso e ele nos faz falta. Depois precisamos saber a quem o doamos, quem foi que o levou. Próximo passo, entender o motivo pelo qual o deixamos ir. Último passo: resgatá-lo.

Para resgatá-lo podemos usar técnicas de visualizações. Concentrar-se na pessoa que detém sua parte, chamar essa parte, pedir que ela volte para você – sua parte, não a pessoa, que pode ainda estar presente na sua vida. Procure visualizar a sua parte como uma energia que se desprende do outro e volta para você, mas tenha certeza de que é a sua parte, chame-a.

Você deve estar se perguntando se não detém partes de outras pessoas também. É claro que sim, e muitas vezes são partes que não te fazem bem. Você pode fazer o mesmo processo ao contrário. Perceber que partes que não são suas que você detém, de quem são, por que estão com você – aqui você pode encontrar muitas crenças que te limitam e que de fato não são suas. Mande-as de volta a quem elas pertencem e trabalhe também conscientemente tentando se livrar delas, percebendo que elas não fazem parte da sua natureza.

Outras pessoas também podem te ajudar a resgatar suas partes. Pessoas que vão te propiciar situações, eventos ou sentimentos, que fazem você se lembrar desta parte sua, que está tão longe… Aproveite estas oportunidades para resgatar esta parte novamente, para despertá-la novamente dentro de você, pois sempre há uma sementinha que ela deixou no seu interior. E mesmo longe, ela ainda está ligada a você, nem que seja por um fio tênue de energia, pois esta parte lhe pertence.

A vida é uma troca, damos e recebemos em nossas relações, só não podemos ser roubados de nós mesmos e nem roubar o outro. Receber uma parte nossa que foi perdida – ou roubada – é revigorante, nos dá a sensação de nascermos de novo, e isto mostra o quanto este nosso pedaço nos fazia falta. Estávamos incompletos, não porque o outro foi embora, mas porque ele levou uma parte nossa.

Anna Leão (Favor mencionar autoria e fonte ao reproduzir este artigo.)

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